January 4, 2006

The Godfather (1972)


O Padrinho (1972) - Francis Ford Coppola

Anos 40. Um corrupio percorre a mansão dos Corleone. É o dia do casamento da única filha de Don Vito. A Família e os seus amigos dançam e festejam. É o dia em que o Padrinho não pode recusar pedido algum, justo ou não, que lhe seja solicitado. A boda prossegue. Michael, o filho mais novo, chega da 2ª Guerra e o seu pai aguarda-o.

Não é fácil para mim elaborar uma breve apreciação de um clássico como este, não porque me faltem adjectivos para o elogiar mas porque de facto é uma obra em que simplesmente as palavras não lhe conseguem fazer justiça, tal a grande qualidade que possui. Sob a batuta de Francis Ford Coppola, que conseguiu reunir ingredientes vencedores e indispensáveis na criação desta obra-prima, é um autêntico épico patriarcal e dramático sobre a proeminência e queda de Don Vito Corleone, um dos mais poderosos senhores da Máfia, operando em Nova Iorque. O guião, da autoria de Mario Puzo e de Francis Ford Coppola inspirado no espectacular romance do próprio Puzo, é simplesmente descritivo e poderoso. Recheado de cenas de antologia, um final vingativo e espantoso, de diálogos e frases memoráveis, icónicas até, que facilmente se tornaram citações comuns entre os fãs do filme, cinéfilos em geral e não só, encontra-se aqui, talvez não o primeiro filme sobre a Máfia ou gangsters da história do Cinema, mas certamente o mais conseguido, o “original”, o precursor de excelentes sequelas, demasiadas imitações, muitas homenagens e paródias e recentes séries de culto com o mesmo tema. Desde o início somos inseridos no seio peculiar da Família Corleone graças, para além do argumento, à maneira como Coppola nos apresenta e nos mostra os extraordinários cenários, os costumes, as tradições, a época. A violência marcante que percorre grande parte do filme (tal como uma notória faceta machista é algo inerente à história e tradição da própria Máfia), apresenta-se crua e realista, bem encenada com o talento de Coppola. Apesar de algo longo, com planos e diálogos (aparentemente) demorados, o seu ritmo permanece coerente e elegante. Os actores, desde os principais aos secundários e mesmo os figurantes, são perfeitos, sendo grandes responsáveis pela verosimilhança dos ambientes e do filme. Um assombroso Marlon Brando tem aqui, para muitos, o papel da sua vida na pele do chefe da Família e Al Pacino, no papel do frio Michael Corleone, tem provavelmente aqui o personagem da sua carreira.


***** (Excelente)