Diamante de Sangue (2006) - Edward ZwickNuma Serra Leoa no auge da sua terrível guerra civil, Solomon Vandy é separado à força da sua família pelos rebeldes, que lhe levam a mulher e os filhos. Aprisionado em trabalhos forçados, Vandy descobre e esconde um precioso diamante. Acaba por cruzar o caminho de Danny Archer, um mercenário sul-africano, que busca e contrabandeia precisamente esses preciosos cristais...
Edward Zwick é um realizador com uma carreira muito própria. Algo discreto e afastado daquelas produções mais "blockbuster", Zwick tem sabido dosear o seu jeito para filmes que reúnem sempre bons ingredientes para um sucesso que perdura no tempo e nas memórias cinéfilas, após esse tour de force chamado "Glory" (1989), conseguindo uma aura respeitável. Quase sempre apoiado num tom geral dramático das histórias e no lado mais trágico das personagens centrais dos seus filmes, Zwick compõe obras que de uma forma ou outra toca o espectador e apostando também (quase sempre muito bem) em montagens competentes, em fotografias de qualidade e bandas-sonoras atraentes. Porém, porque não é perfeito, para esse aparente bom equilibrio dos seus filmes muito contribui a falta de arrojo em cair em extremos ou aprofundamento de questões, o que muitas vezes faz pairar um tom de superficialidade em certas fitas. Este "Blood Diamond" não foge á regra, ganhando logo á partida pontos na brilhante escolha de cast, onde sobressai o agora nomeado DiCaprio que cumpre muito bem um duro (com respectivo sotaque) ex-soldado sul-africano e ainda Djimon Hounsou, fabuloso actor negro, cuja intensidade transborda do ecrã a cada instante. Saúde-se também a sempre bem-vinda figura (bela) de Jennifer Connelly, cujos olhos vibrantes (aqui de jornalista) nos prendem a atenção desde o primeiro instante. O argumento, misto de drama baseado em factos reais e uma aventurosa busca de um "tesouro" (diamantes para uns, família para outros), é bem desenvolvido, se esquecermos alguns clichés e alguns (poucos) momentos forçados. A fotografia, da autoria do nosso Eduardo Serra, é adequada com os seus ambientes quentes. A banda-sonora, a cargo do conceituado James Newton Howard, fica no ouvido pelos adicionados tons africanos. E fico a torcer por um justo reconhecimento a Hounsou.
**** (Bom)
